Eu não falo de dor, eu falo da estranha sensação que é não sentir nada...

 De olhar para os lados e nem sempre encontrar um motivo pelo qual seguir. De o único motivo para seguir, é, um dia, ter um motivo para seguir. É essa coisa estranha que vem me consumindo aos poucos, me deixando chata por dentro, me deixando oca. 

Falo da minha recém adquirida capacidade de apenas ficar olhando para o tempo, sem nem mesmo sentir tédio, porque de repente, nem isso eu tenho sentido. De acordar e ir dormir, sem ver nada mudar, e o pior, sem ter um motivo para mudar. Falo de ficar empurrando a vida com a barriga, enquanto vê o mundo lá fora completamente cinza. É não ver graça nos dias frios. É não rir de bobagens. Falo de estar vivendo em um mundo paralelo, onde de alguma forma, eu tenho pelo quê continuar. Falo de já estar tão cansada, que já não faz diferença a vida lá fora, porque aqui, dentro de mim, está tudo morrendo aos poucos. Eu não falo de dor, eu falo da vida de quem de repente, nem isso mais sente.